Dois é o número natural que segue o um e precede o três. Dois é um livro que coloca em cheque tudo o que pensamos sobre o amor. Reúne em seus poemas um pouco de nossas obsessões mais íntimas com uma percepção em linhas intocáveis e afiadas. Lança um olhar agnóstico sobre a vida a dois. Todo o fascínio e toda dificuldade de ser um casal, reside no fato do casal encerrar, ao mesmo tempo duas individualidades e uma conjunção diante dos desencontros, das armadilhas, das inseguranças inerentes à vida. O casal contém dois sujeitos, dois desejos, duas inserções no mundo, duas percepções do mundo, duas histórias de vida, dois projetos de vida, duas identidades individuais que, na relação amorosa, precisam conviver como uma conjunção. Precisa ser um desejo conjunto, uma história de vida conjugal, um projeto de vida do casal, uma identidade conjugal. Como ser dois sendo um? Como ser um sendo dois?
Quem sou eu? Alguem que sabe sentir, olhar, sonhar, a mercê do acaso na inefável evolução do ser. Sem compreender da natureza a artimanha dos mundos por onde passamos, dos círculos por onde giramos, e como nos modificamos. Sou um nômade no vai e vem das esquinas . Sou o que posso ser e ninguém pode mudar. Uma metamorfose ambulante sem vergonha de voltar atras, de mudar de ideia, de aprender, de recomeçar . Sem medo de me reinventar. De onde venho e onde o acaso me leva, a que destino meus passos me conduzem? Talvez a um conceito, a uma dimensão sem medida,a uma viagem sem destino. A ouvir a melodia da vida neste caminho sem fim. Sou uma voz que cala um silêncio que fala. Um sussurro de magia. O jardim e uma tentativa humana de organizar a natureza. E também este alter ego que se faz poeta. Este outro eu que tece sonhos entre pedaços de realidade e me guia por linhas tortas em caminhos que desconheço.
